Uma mulher
registra queixa de agressão, amparada pela lei Maria da Penha, a cada dois
minutos. Existem vagões de metrô e linhas de ônibus exclusivas para as
mulheres, mas estes não atendem todos os trajetos e só funcionam em horário de
pico. Segundo a socióloga Sabrina Fernandes (Tese Onze), o único método efetivo
de diminuir esse índice alarmante é olhando para a raiz do problema: por que
mulheres são agredidas dessa maneira generalizada?
Sabrina foi
a oficineira convidada dessa semana e conversou com as cursistas sobre
violência institucional contra as mulheres. Dentre outras problemáticas, ela
destacou a falta de políticas públicas que visem tratar essa questão como ela
de fato é: além de político, é um problema cultural brasileiro. "(...) não
basta a gente pensar a política pública a partir de uma legislação específica.
É necessário estender para outros espaços", explica.
Além da
violência doméstica, as cursistas relataram casos onde o direito ao próprio
corpo foi desrespeitado, em especial no transporte público. Olhares
indiscretos, passadas de mão e serem seguidas durante o trajeto dentro e fora
dos coletivos foram só algumas das situações contadas, dentre outras de cunho
ainda mais grave.
No segundo
momento da oficina, Sabrina e as cursistas conversaram sobre representatividade
feminina. Num país com quase 210 milhões de habitantes (sendo 51,4% do gênero feminino), apenas 15% do
parlamento é composto por mulheres. Mesmo com a cota de candidaturas reservadas
para elas nas últimas eleições, não houve mudança significativa na
representação.
Costuma-se
atrelar esse problema a "falta de interesse" das mulheres em votar em
política. Essa ideia, porém, é desmentida frente ao fato de que quase 50% das
filiações partidárias no Brasil serem feitas por mulheres. Embora haja o
interesse, a realidade é que os partidos brasileiros - mesmo os mais
progressistas - não tem vontade de levar em consideração as questões das
mulheres quando se trata do fazer político, tampouco de escutá-las.
Mesmo nas
mulheres parlamentares, não há representantes de fato das mulheres: muitas
delas representam uma bancada "feminina", e fazem questão de deixar
isso claro apoiando políticas que não beneficiam as mulheres brasileiras como
um todo. "O nosso desafio é não
aceitar essas migalhas. A gente precisa ter uma noção de que a participação de
mulheres na sociedade não pode ser reconhecida como a participação de mulheres
na política simplesmente porque uma mulher foi eleita ou se candidatou",
finalizou Sabrina.
Relatoria da cursista Thalita Cardoso
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