sexta-feira, 31 de maio de 2019

[25/05/2019] 7ª OFICINA PROMOTORAS LEGAIS POPULARES CEILÂNDIA


No sábado dia 25 de maio de 2019, estivemos novamente reunidas, tivemos a presença da Elaine, doula, formada em história e estudante de direito, que falou sobre seu trabalho e sobre o combate a violência obstétrica. Gratificante e revoltante foi ver quantas mulheres fortes entre nós passaram por momentos tão dificieis nos seus partos, muitas compartilharam, muitas vieram as lágrimas, muitas ficaram revoltadas, e todas ficamos alerta. É necessário conhecer, prevenir e combater a violência obstétrica. Um direito fundamental da mulher é ser tratada de forma digna e humana em todo o período de gestação. Ter o seu desejo respeitado a sobre como deseja parir seu filho e mais que isso, ter acesso a um tratamento humanizado, seja o parto normal ou cesárea. Não aceitar ter seu corpo mutilado, ouvir palavras de profissionais despreparados, ser submetida a períodos de fome e dor. Saímos da aula com um pouquinho da dor uma das outras, mas por incrível que pareça com o fardo mais leve. Pois podemos mudar essa realidade, e não estamos dispostas a aceitar mais esse tipo de tratamento.


Eu, mulher com o dom sagrado de dar a luz Vi meu maior sonho se tornar um pesadelo No dia em que aquele que meu parto conduz Apertou-me a barriga com seu cotovelo
O momento mais lindo e belo me foi roubado Com duras palavras e muita truculência
Mesmo que meu corpo pudesse e estivesse preparado Não adianta ser mulher e nem ter experiência
Minha voz não vale, meu desejo não conta Meu corpo não mais me pertence
E querer parir naturalmente é uma afronta Quando a violência sempre vence
Ouvir que na hora de fazer não teve dor Então, mãezinha, agora aguenta

Você não abriu as pernas sem pudor? Então merece parir de forma violenta. Só que não mais, patriarcado!
Já dizia Adélia Prado, mulher é desdobrável E meu parto não será mais roubado
Meu corpo é forte, e minha força é inesgotável Chega de ser tratada com violência
É preciso conhecer para mudar Mudar e prevenir
Combater a violência e humanizar O nosso momento de parir

Relatoria pela cursista Brisa Alves




quinta-feira, 23 de maio de 2019

[18/05/2019] 6ª OFICINA PROMOTORAS LEGAIS POPULARES CEILÂNDIA






No primeiro momento da oficina do dia 18 de maio foi proposto que cada participante representasse em trios um dos seguintes papéis: mãe, filha (o) ou julgador da mãe. Houve a representação de diversos tipos de mãe, filhos de diferentes idades e os julgadores sempre as acompanhava em cada uma dessa situações. Após a experiência, houveram vários relatos, dentre aquelas que se sentiram mais confortáveis em papeis de mãe ou de filho ou de julgador, aquelas que interpretaram sua referência materna, aquelas que se representaram como eram em sua adolescência ou infância e aquelas que imitaram o papel de julgador de acordo com que ouviram na gestação e na experiência da função materna.

Essa experiência proporcionou em algumas participantes um processo de revivescência das emoções experimentadas na função materna, e a dificuldade de ouvir tantas opiniões acerca de como criar, alimentar e cuidar dos filhos. Foi percebido pelos relatos que os julgamentos não acrescentam de nenhuma forma, que muitas das vezes esses ferem emocionalmente, geram frustações e culpas desnecessárias as mães. Também foi percebido que é necessário ter um olhar mais empático, que independentemente do comportamento do filho, a mãe na maioria das situações faz o seu melhor para educação do seu filho como pessoa.

No segundo momento da oficina recebemos a visita da oficineira Cíntia (advogada), que a partir de uma dinâmica exemplificou sobre alguns direitos previsto em Leis para a mulher, e da mulher como mãe. Na dinâmica foi representada uma mulher chamada “Damares” acompanhando seus direitos desde a infância até a idade adulta. Foi exemplificado quais eram os direitos de “Damares” relativos a reprodução, métodos contraceptivos, casamento, filhos, trabalho e previdência. Proporcionando um empoderamento para as participantes, que puderam aprender sobre seus direitos em diversos âmbitos.

Relatoria por Mariane Abreu.

quarta-feira, 15 de maio de 2019

[11/05/2019] 5ª OFICINA PROMOTORAS LEGAIS POPULARES CEILÂNDIA




         Na oficina do dia 11 de maio de 2019 discutimos sobre feminismo e seus estereótipos. Para muitos, a mulher feminista é aquela que odeia os homens, é aquela que não se depila, é aquela que realiza abortos, é aquela que não profetiza uma religião, é aquela que julga e condena tudo e todos que não pensam como ela. A mulher feminista é estereotipada como intolerante e desequilibrada. 
Para mim, o feminismo é contrário à intolerância (seja ela qual for) e ao desequilíbrio. O feminismo luta por igualdade, por libertação de padrões patriarcais, baseados em normas de gênero e luta por uma vivência mais humana através do empoderamento feminino. 
            Feminismo não é o contrário de machismo, o feminismo não quer impor a superioridade do sexo feminino. Mary Wollstonecraft disse "não desejo que as mulheres tenham poder sobre os homens, mas sim sobre si mesmas". O feminismo defende que uma mulher pode ser o que ela quiser. 
Usualmente, nosso caráter e profissionalismo é colocado em prova pela roupa que usamos (Tá de decote? então está disponível para sexo), pela quantidade de pessoas que - supostamente - já nos relacionamos (essa aí é rodada) etc. 
Escutamos da sociedade que a mulher precisa se dar ao valor, mas o que é exatamente isso? Muitas vezes, essa frase está associada a uma opressão sexual. O feminismo combate a ideia de que o valor de uma mulher ou a falta dele está associado a roupa que ela usa ou com quantas pessoas ela se relaciona. 
Na quinta oficina das Promotoras Legais Populares, observamos que cada mulher tem uma vivência diferente, sofre opressões diferentes e por isso existem vários feminismos ao redor do mundo. Por mais que existam muitas convergências entre os feminismos, há diferenças que precisam ser analisadas com cuidado e atenção. 
Algumas pautas do feminismo negro diferem do feminismo lésbico, que diferem do feminismo bissexual, que diferem do feminismo transexual, que diferem do feminismo heterossexual, que diferem do feminismo cristão, que diferem do ecofeminismo, que diferem do ciberfeminismo, que diferem do feminismo materno e por aí vai.    
Para mim, o feminismo é a libertação para ser quem você é, é acolhimento, é entender que todos nós somos diferentes e essas diferenças precisam ser respeitadas. A mulher é livre para ocupar o lugar que deseja, é livre para usar a roupa que se sente bem, é livre para se depilar ou não. O corpo da mulher é exclusivamente dela e é ela quem escolhe o que deseja fazer com ele.  Como diz Simone de Beauvoir " Que nada nos defina, que nada nos sujeite. Que a liberdade seja a nossa própria substância, já que viver é ser livre."


Relatoria da cursista Nathalia Neves



sexta-feira, 10 de maio de 2019

[04/05/2019] 4ª OFICINA PROMOTORAS LEGAIS POPULARES CEILÂNDIA




Eu cresci acreditando que existia coisa de mulher e coisa de homem. Curioso que as coisas de homem sempre pareciam mais legais do que as que as mulheres desempenhavam; na infância eu tinha que estar sempre impecável, afinal meninas não andam bagunçadas.
Na adolescência também, somado ao conjunto de novas regras que eu tinha que obedecer, senão jamais arrumaria um namorado.
Ao contrário de muitas mulheres fortes que eu conheço hoje, eu nunca questionei o mundo ao meu redor. Ele é assim e ponto final.
E foi por não me contentar com o mundo a minha volta que eu comecei a questionar. 
Quando resolvi ir para a reunião das PLPs achei que teria pouquíssimo a dizer, afinal o que eu sei do mundo? 
E foi então que eu aprendi que apesar de todas as mulheres terem trajetórias parecidas, as vezes é preciso um ambiente em que elas possam falar. Sem que alguém as julgue e quem sabe encontrar relatos tão encorajadores que fechem velhas feridas e deem força para continuar.

Relatoria da cursista Rafaela Alves