Escultura da artista Rosana Paulino que denuncia violência perpetrada contra mulheres negras na construção sanguinária desse país.
Amas de Leite número I - Rosana Paulino
O tema da oficina foi
uma “dobradinha” de racismo, foi importante para aparar algumas arestas, alguns
pontos em abertos que ficaram da última oficina.
No primeiro momento foi realizada uma
dinâmica acerca do “cuidar da vida”, onde foram nos dado quatro balões sendo
dois laranjas que representavam a nossa vida e o branco e o azul que
representavam a vida dos outros, tínhamos que passar os laranjas para a colega
ao lado, ao passo que deveríamos passar os outros de forma simultânea com no
máximo três toques (esses ficavam no ar e não poderíamos deixá-los cair).
Com isso, foi
possível observar que muitas vezes esquecemos de nos cuidar, dar uma atenção
“plus” para nós, e, vivemos sempre pensando no outro em detrimento de nós, essa
é uma realidade sobretudo da mulher negra. Dessa forma metafórica, nos trouxe à
tona a reflexão da solitude da mulher negra entretanto de uma maneira sutil.
Nessas perspectivas
de aparar as arestas, nós fomos divididas em subgrupos para analisarmos frases
com cunho racista ditas por nós na oficina anterior a essa, a título de
exemplos temos as seguintes: “cota é uma forma de racismo” “o negro tem racismo
com o negro”, ao analisarmos essas frases observamos o quanto o racismo
realmente é “estrutural e institucionalizado”, é de notório saber que o negro
independentemente de sua classe social sofre racismo, não importa a sua
vestimenta, nem o seu caráter, porque a sociedade de uma forma geral sempre irá
olhar primeiro a cor de quem a está utilizando, onde a utilização de adereços
em baile da Vogue, está ok, entretanto quando é utilizado por negras que
possuem todo o histórico e a marca de ter que carregar na pele ainda na
contemporaneidade é tido como “feio”, “estranho”, “macumbeira”.
Nesses aspectos, são
as pequenas somas diárias que fazem a diferença, mas não só isso, creio eu que
desconstruir certos conceitos são necessários além de trazer a reflexão no
outro e tentar abrir o diálogo, não só abrir o diálogo, porém permanecer.
Permanecer, porque para o branco que foi o próprio criador do racismo é muito
cômodo se omitir utilizando-se da premissa de que como “não sofro racismo não é
o meu lugar de fala”, pelo contrário, como branca devo reconhecer sim os meus
privilégios, que por mais que eu tenha tido pequenas dificuldades nada se
compara se eu fosse negra.
Nessas perspectivas,
fiquei com o coração aquecido após ter conhecido várias mulheres negras
inspiradoras, desde Maíra à Marielle, e, saber que eu estou rodeada de mulheres
negras inspiradoras e que possuem uma enorme “força de potência” como disse
sabiamente a Nana, me faz sentir não só grata, mas com um privilégio (bom) de
conhecê-las e de realmente estarmos mudando as coisas. E como diria Nina
Simone: “liberdade é não ter medo!”.
Deixo como resistência um trecho da
artista ceilandense Rebeca Realleza na música Revolução dos Bichos:
“Ces chama de macaca a
rainha dessa selva
Cuidado seus babacas
quando nós passar tu gela
Tô, pesada igual King
Kong
Queen, eu tô tipo
Latifah
De galho em galho
cheguei ao topo
Sei bem que isso te
irrita
O planeta é nosso não
aceitamos a jaula
A selvageria que não
vai ser adestrada
Revolução dos bichos,
evolução da raça
Declaro encerrada a
temporada de caça”
Abraços e força!
Camila Souza
TEXTO 2:
Hoje a partilha feita foi com a convidada Maíra Brito, jornalista,
mestra em Direitos Humanos, autora do livro “ Não ele não está “ sobre o
extermínio da juventude negra a partir do relato das mães dos filhos assassinados.
Ela teve de ir ao Rio de Janeiro, pois em Brasília não havia mães que tinham
forças para falar sobre o extermínio de seus filhos.
Maíra nos trouxe várias referências de mulheres negras que fazem parte
da sua trajetória e nos presenteou com a potência do samba escrito e cantado
por elas.
Ouvimos Elza Soares
e Dona Ivone Lara, que fizeram da dor sua força.
Gratidão Maíra, pela
potência; milito no Movimento de Mulheres desde 2011 e reafirmo que
nunca me senti tão acolhida num grupo de mulheres quanto me sinto com as
Promotoras Legais Populares.
Relato da cursista Isabela Aysha
Relato da cursista Isabela Aysha
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