segunda-feira, 10 de junho de 2019

[01.06.2019] 8ª OFICINA PROMOTORAS LEGAIS POPULARES CEILÂNDIA


Reconhecer-se, identificar-se. Essas foram duas palavras que conduziram o grupo na última oficina. Nós nos distribuímos em três subgrupos, daquelas que se reconheciam como brancas, aquelas que se reconheciam como negras, e aquelas em que não se identificava com nenhum desses dois grupos ou não sabia a qual grupo pertencia. Identificar-se pertencente a um desses grupos, não significa apenas pertencer a uma descendência genética, ou ter um fenótipo. Identificar-se com um desses grupos é reconhecer que você compartilha experiências, privilégios, dores, estigmas, estereótipos, dificuldades, facilidades de acordo com o grupo que você pertence.
As participantes que se identificaram como negras, ao relatarem a primeira vez que se descobriram assim, tinham pontos em comum a vivência o sofrimento de algum preconceito, vivencia de um momento isolamento social por condição de sua raça, vivência da percepção que o “corpo desejado” idealmente é diferente do corpo real que ela tinha. É ter tido não apenas uma primeira experiência “desagradável”, é por diversas vezes na vida ter vivenciado esse mesmo desconforto por pertencer a tal grupo.
No segundo momento da oficina, através de uma dinâmica que expôs os privilégios raciais, ficou evidente como pertencer, ser branco carrega privilégios não apenas simbólicos, mas, privilégio real. No não sofrimentos de situações vexatórias, na não experiência que duvidassem da sua competência ou honestidade, no medo que nunca sentiram por andarem em certos locais ou com determinadas roupas por condição de sua raça.
É, portanto, necessário reconhecer que todas as vivências passadas por cada uma das participantes, seja de sofrimento ou de privilégio, não foram necessariamente escolhidas por elas. Existe uma estrutura social, cultural que molda através de séculos as experiências, os gostos, o que é considerado padrão, feio ou bonito. Sendo de extrema importância, não apenas reconhecer que existe uma estrutura, mas, que a partir do reconhecimento dos privilégios possamos mutuamente apoiar ações que enfraqueçam essa estrutura, sejam essa ações em nível macro como nas políticas públicas, ou em um nível micro como em um acolhimento a uma pessoa que sofreu de alguma forma em razão da sua raça.
Relatoria por Mariane Abreu



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