The Vulva
Gallery, Hilda Atalanta (https://www.instagram.com/p/Bt3cLUIliFe/)
Papéis coloridos, giz de cera, lápis de cor... “Hoje vamos desenhar
vaginas”.
Recebemos a notícia eufóricas, mas, espera aí: “Como se desenha uma
vagina? ”, “Como ela é mesmo?”, “Deixa só eu dar uma olhadinha ali no espelho
rapidinho para dar uma conferida...” “Gente, a minha vagina não é assim não,
mas é bonita” essas foram algumas colocações feitas de forma descontraída
quando nos propuseram essa dinâmica. Engraçado é que se fosse para nós
desenharmos pênis, nos vem a imagem nítida deles, isso porque a nossa vida
inteira, sobretudo na escola vemos pênis em tudo quanto é lugar.
Com isso, observamos que obviamente cada uma é única e que elas possuem
cheiros sim, são diferentes umas das outras e está tudo bem, é nossa, temos que
cuidar dela e aceita-la. Entretanto, amar a sua vagina e entender as suas
peculiaridades não é algo fácil, é se desconstruir para construir. Percebemos
que com a tamanha rigidez e polidez da sociedade sobre os nossos
comportamentos, sobretudo sobre padrões e estruturas machistas, refletem em certos
entendimentos como o que se entende como belo e isso se estende até para como a
nossa vagina deve ser.
Sobre essas perspectivas que nos trazem uma reflexão quanto aos padrões,
quantas mulheres já não quiseram realizar cirurgias para modificar a sua
vagina? É um número significativo, e pensando nisso, existe um projeto chamado
The Vulva Gallery da artista holandesa Hilda Atalanta, que traz a diversidade
das vaginas, dessa forma busca romper com esse “padrão de vagina” uma vez que
existem todos os tipos de vulvas únicas e belas.
Não menos importante, nesse mês de junho justamente o mês em que se
completam 50 anos de Stonewall que foi uma série de protestos tido como um dos
mais importantes marcos para a garantia de direitos LGBT’s, tivemos uma roda de
conversa com troca de saberes, sobretudo experiências e prévios entendimentos acerca
de diversas temáticas sob a ótica de uma pessoa LGBT, a saber, “como se reflete
na instituição/escola/universidade”, e, dessa
forma discutimos acerca de ressignificados para termos como “viado”, “bicha” e
“sapatão” que são utilizados muitas vezes como uma forma de xingamento ou
utilizado de maneira ofensiva com o intuito de constranger ou de realmente
agredir e, esse tema rendeu “pano para a
manga”, dessa maneira iremos estender para o próximo encontro.
Ressalta-se o documentário fantástico denominado “Bichas” que foi uma
recomendação da Nara. Nesses aspectos, apesar de serem temas densos, percebi
que foi um dia em que demos boas gargalhadas largas daquelas que até escorrem
lágrimas dos olhos, ademais foram trazidos exercícios de pompoarismo para
melhorar não somente a nossa autoestima, mas também para o fortalecimento da
nossa vagina, uma oficina prazerosa, literalmente falando.
Segue o trecho
de um poema da Rupi Kaur sob aceitação:
“Se sou o relacionamento mais longo
da minha vida
será que não é hora de
encontrar intimidade
e amor
com a pessoa
com quem durmo toda noite
- aceitação ”
(O que o sol faz com as flores – Rupi Kaur)
Abraços,
Camila Souza.