domingo, 1 de julho de 2018

[19/05/2018] 7ª OFICINA PROMOTORAS LEGAIS POPULARES SÃO SEBASTIÃO


Relatoria oficina dia: 19/05/2018

7ª Oficina PLPs São Sebastião- 19/05/2018


Usar do espaço de privilégio para dar espaço para grupos que não o tenham é necessário, mas não se isso significar silenciá-los)
Quando falamos da questão do protagonismo, sempre vem alguém dizer: "Qualquer um pode falar sobre opressões, não preciso ser negro para apoiar a luta". Não precisa mesmo e é dever dos não negros se conscientizar e lutar contra as opressões. Mas, o que muitos não entendem é que são eles quem têm falado sobre nós ao longo do tempo.
Os trabalhos acadêmicos iniciais sobre essa questão, por exemplo, foram feitos por não negros justamente porque o racismo impede o acesso da população negra aos espaços acadêmicos. Muitos desses trabalhos são bons, sem dúvida, muitos não, mas a questão não é essa.
O cerne aqui é: se pessoas brancas continuarem falando sobre pessoas negras a gente não muda a estrutura de opressão que já confere esses privilégios aos brancos. Nós, negras e negros, seguiremos apartados dos espaços de poder. E nossa luta existe justamente por causa desse aparte. Daí, no movimento formado para combater isso, nós ainda seguiremos apartados? Não perceber a importância disso me faz questionar até que ponto se é aliado. Como negra, não quero mais ser objeto de estudo, mas sim o sujeito que pesquisa. Se eu, como mulher negra, já estou fora de diversos espaços, um aliado veria a importância de eu falar sobre problemas que me afligem em vez de querer falar por mim. É necessário usar do seu espaço de privilégio para dar espaço para grupos que não o tenham, até porque esse privilégio foi construído em cima das costas de quem foi e é historicamente discriminado. Quantas vezes fiz um discurso lindo contra o racismo, mas silenciei uma mulher negra que tem mais legitimidade para falar de um tema que a atinge? Quantas vezes denunciei o preconceito, mas romantizei a relação com minha empregada negra. Parem com a síndrome de privilegiado que julga que você pode falar sobre qualquer coisa. Poder, realmente você pode. Mas em determinadas instâncias, a pergunta que você deve fazer é: eu devo?
                  
 Viola Davis




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