quinta-feira, 31 de outubro de 2024

20ª OFICINA DE 2024

 

20ª OFICINA DE 2024

05 de outubro 



O tema da oficina do dia 5 de outubro foi violência obstétrica, e Carol Freire, que além de PLP é doula, foi a facilitadora. No primeiro momento, Carol nos pediu que para compartilhar algo que soubéssemos sobre o dia do nosso próprio nascimento: podia ser qualquer coisa que tivéssemos ouvido de nossas mães ou outras pessoas da família sobre como estava o dia, como foram os momentos finais da gravidez, como foi a experiência do parto. Os relatos compartilhados foram muito diversos. Há entre nós, cursistas, quem tenha nascido em casa com auxílio de parteira, outras nasceram em hospitais; algumas nasceram de partos normais, outras de parto cesariano; algumas de nossas mães estavam bem acompanhadas e amparadas, outras tiveram que enfrentar essa experiência sem muito apoio.


Esse primeiro momento da oficina ofereceu uma oportunidade de conversar sobre as muitas questões envolvidas em um nascimento a partir da experiência da pessoa gestante – se ela está acompanhada por alguém de confiança ou não, se ela tem acesso aos cuidados médicos de que precisa ou não, se ela tem liberdade para se movimentar e se expressar durante o parto, se após o nascimento ela tem rede de apoio para acolher a pessoa que acaba de chegar ao mundo.


Na segunda parte da oficina, trabalhamos com o jogo de cartas Plano de Parto, criado pelo Coletivo Feminista Saúde e Sexualidade. Funcionou assim: cada uma de nós escolheu uma carta, que contém uma ilustração de uma situação relacionada ao parto, e descreveu a imagem para as companheiras. Na conversa sobre as cartas, falamos sobre diversas questões que estão relacionadas à violência obstétrica, que pode ser definida como o desrespeito à mulher, à sua autonomia, ao seu corpo e aos seus processos reprodutivos. A violência obstétrica, que é praticada por profissionais de saúde que atuam no contexto de gestação e parto, pode acontecer na forma de violência verbal, física ou sexual, e também com a prática de intervenções médicas desnecessários e/ou sem evidências científicas. 


Essa dinâmica do jogo Plano de Parto nos permitiu identificar e conversar sobre várias práticas de violência obstétrica, como: imposição de parto cesariano sem necessidade médica; xingamentos, humilhações e comentários racistas, LGBTfóbicos, classistas e capacitistas durante o parto; proibição da presença do acompanhante, que é direito e escolha livre da mulher que está parindo; episiotomia (“pique” no parto vaginal), inclusive sem anestesia e/ou sem informar à mulher;  uso de ocitocina (“sorinho” usado para acelerar o trabalho de parto) sem necessidade e/ou sem informar à mulher; manobra de Kristeller, que é pressão sobre a barriga da mulher para empurrar o bebê; restrição de movimento da mulher durante o parto, inclusive impedindo que ela escolha sua posição de parto; negação de alimentação e água para a mulher durante o trabalho de parto; negação de anestesia, inclusive no parto normal; negação do contato imediato, pele a pele, do bebê com a mulher após o nascimento, e imposição de barreiras para a amamentação nesse momento.


Conversar sobre violência obstétrica é falar sobre as muitas formas em que a sociedade em que vivemos discrimina e maltrata mulheres e outras pessoas que podem engravidar, negando-lhes as condições básicas para viver a gestação, o parto e o puerpério de forma digna, saudável e com o acolhimento necessário tanto para quem vive a experiência do início da maternidade quanto para uma nova pessoa que acaba de chegar ao mundo.


Na parte final da oficina, retomamos o planejamento da ação de formatura da nossa turma, da qual todas as cursistas devem participar! Não custa lembrar: as cursistas que ainda não sabem do que se trata devem entrar no grupo de Whatsapp sobre a ação e se atualizarem o quanto antes. Em todas as próximas oficinas até o final do curso, teremos esse momento reservado para conversar sobre a ação.

Relatoria da cursista: Sinara Gumieri







sexta-feira, 4 de outubro de 2024

19ª OFICINA DE 2024

 

19ª OFICINA DE 2024

Encontro integrativo de PLP'S, Ceilândia e Águas lindas.

No encontro de hoje discutimos sobre um assunto bastante polêmico,  mas necessário: religião e fé. Esse encontro foi bom para nos mostrar as diferenças e como cada pessoa tem sua crença e modo de pensar. Antes de todas as falas e aprendizado, colocamos algo que é essencial quando esse assunto é abordado : o respeito,  não julgar. Não precisa concordar com o que a pessoa fala ou acredita, cada uma de nós possui uma forma diferente de olhar para a religião e não é porque não concordamos que devemos desrespeitá-las ou diminuí-las.

O encontro foi incrível e acolhedor, mas com uma temática bem delicada :religião e fé. Foi bom, pois cada uma teve seu momento de fala e concluímos que qualquer indivíduo tem o direito de escolher a sua religião, sua crença religiosa e sua fé. E não só merece, como deve ser respeitado por isso. O direito de livre escolha quanto à orientação religiosa é mais do que um direito constitucional.

A oficina do dia 28 de setembro aconteceu na chácara "Esconderijo da  Ângela". Cursistas de Águas Lindas e Ceilândia se juntaram para um momento de descontração, fugindo um pouco da rotina em sala de aula Estar em meio à natureza proporcionou um ambiente descontraído, aberto a novas interações. No primeiro momento todas se reuniram embaixo de árvores do quintal da chácara, para se apresentarem e ver gostos em comum, a sugestão de apresentação foi falar o nome e algo de que gosta, assim as cursistas ao redor poderiam se aproximar da pessoa que estava se apresentando, caso também gostasse do que foi citado. Foi um momento divertido. 

No segundo momento fomos para área da casa, todas sentadas e com os ouvidos atentos. A facilitadora Sheila perguntou para as cursistas se ali havia pessoas que faziam parte de alguma religião, e se tinham dificuldade em se comunicar com pessoas que seguem religiões diferentes. Durante as respostas das cursistas, foi aberta uma discussão com mais questionamentos feitos pela facilitadora, e se as cursistas já tinham frequentado outros espaços religiosos, além dos que elas já fazem parte, se no lugar onde cultuam suas religiões tem lideranças femininas.    

Após a bela  e grande ciranda, com mais de 40 mulheres, onde cada uma se apresentava e movimentava a ciranda, ou parte dela, ao dizer algo do que gostava, e assim, “ganhar seguidoras”- no sentido literal da palavra( rsrs) - fomos para a varanda.

E as facilitadoras anunciaram o tema da oficina: Espiritualidade.

Nossa…os olhares , instantaneamente, se entrecruzaram! Entre o susto e um certo temor. Afinal, falar de espiritualidade é falar de lugar sagrado, do mais profundo de nós. É falar de mistérios e de transcendência. É falar de fé. E o mestre Gilberto Gil definiu bem a relação humana com a fé : “Andar com fé eu vou, que a fé não costuma falhar. [...]mesmo a quem não tem fé, a fé costuma acompanhar”. E é, para quase todos/as, falar de Deus ou  divindades. E , novamente, invocamos a grandeza filosófica de Gilberto Gil:

“Se eu sou algo incompreensível, meu deus é mais”. Havia ali, naquele encontro, muitas mulheres que se disseram com religião, algumas se disseram sem religião ou não praticantes de nenhuma. Porém, nenhuma se manifestou contrária a alguma fé .

A ideia de serem 4 relatoras (duas de cada polo presente) surgiu da percepção da delicadeza do tema. E do quão importantes deveriam ser o respeito e a lealdade às  várias e diferentes falas e manifestações de  ideias e crenças , o que, sendo apenas uma relatora, poderia ficar comprometido.

A questão inicial foi sobre fé. Se temos e como manifestamos nossa fé. Falamos de crença de modo geral. Para algumas cursistas, a fé é encontrada , ou se manifesta não necessariamente através de uma religião, ritual ou culto religioso.

À pergunta sobre se temos alguma religião, as respostas foram variadas. Fomos apresentadas a mulheres evangélicas, católicas, da Umbanda, do Candomblé, do Espiritismo e agnósticas. E houve falas questionando ou desconfiando da representação de um deus Ocidental, que nos fora apresentado  no contexto do processo de  colonização a que fomos submetidos, no Brasil e na maioria dos países latino-americanos . Processo esse que tentou violar a fé e as crenças não monoteístas dos povos originários.

Também conversamos sobre a relação perniciosa que se estabelece no Brasil, sobretudo nos dias atuais, entre religião e poder. Mesmo que, teoricamente, vivamos em um Estado laico. Falou-se, também, do quanto a fé de muitas pessoas tem sido manipulada por falsos cristãos ou líderes religiosos , com fins eleitoreiros, numa grande escalada de confusão (quase sempre ideologicamente proposital) entre religião e poder estatal. E de como muitos/as políticos/as se apoiam em discursos e narrativas religiosas  para conquistar adeptos e , sobretudo, votos. Enfim, a religião tem sido usada ,em muitos casos, como marketing, publicidade, monetização, doutrinação, fundamentalismos morais e alienação.

Para encerrar, cada uma desejou coisas boas para a colega  que estava ao seu lado, e com ouvidos atentos, enquanto uma desejava, as outras observavam, aguardando a sua vez. Após a oficina, a piscina foi liberada e a música também. Teve picolés, geladinhos, uma mesa farta com lanches, estrogonofe de frango e de palmito para o almoço. Tudo planejado e executado pelas facilitadoras, para que as cursistas pudessem curtir o ambiente e interagir com suas colegas, conhecer outras cursistas. Considerando a relevância do bate papo sobre religião, o lugar escolhido para trabalhar o tema foi de extrema importância.

No encerramento da oficina, a facilitadora Carol sugeriu que fizéssemos uma pausa,  fechando os olhos e com a ponta dos dedos fizéssemos massagem no próprio rosto, ombros e braços, refletindo também sobre os temas propostos durante a oficina, olhando para o lugar em que estávamos, sentindo tudo que o espaço estava proporcionando.

As facilitadoras lançaram uma última pergunta: qual autocuidado as cursistas praticam e qual é o papel do Estado na relação mulheres e autocuidado.

E eis algumas respostas:

▪️Cuidar melhor da vida financeira, pois a desorganização financeira é uma forma e fator de adoecimento

▪️Dieta, com o corte ou diminuição de carboidratos

▪️Estar no curso PLP é uma forma de autocuidado e autoconhecimento 

▪️Voltar a estudar e reorganizar a vida profissional

▪️Dançar

▪️Fazer check up com regularidade

▪️Praticar a terapia do NÃO . Dizer não quando necessário é autocuidado

▪️Rezar o Pai Nosso e depois tomar uma cerveja, ouvindo música de puta.  

A promotora Sheila finalizou com uma reflexão sobre as eleições municipais que se aproximam, sugerindo  que a gente promova, onde houver eleições, uma rede de demandas a serem entregues e cobradas das novas prefeituras e câmaras de vereadores/as, com relação a espaços  públicos e terapêuticos para acolhimento, atenção  e cuidado com a saúde das mulheres.

Relatoras: Alcioneides(Fia), Amanda, Gabriela (Gabs) e Jordana.




















terça-feira, 24 de setembro de 2024

18ª OFICINA DE 2024

 

18ª OFICINA DE 2024

31 de Agosto


No dia 31 de agosto tivemos a oficina tema como proposta nos levar a refletir as mulheres no mercado de tralho, assim como as leis trabalhistas e todos os amparos e alguns retrocessos que tivemos nas mudanças de governo.
No primeiro momento, cada participante foi convidada e levar de casa para o encontro um objeto que descrevesse um pouco sobre sua rotina de trabalho. Fossem essas rotinas ligadas a trabalhos remunerados em empresas/instituições ou objeto daquelas que fazem o trabalho doméstico por quais quer que seja o motivo. Houve a participação de todas presente.

No segundo momento fomos convidadas a dar continuidade ao encontro com uma atividade em grupos divididos , onde cada grupo ficou com um tema, metas esses que foram: Licença maternidade e paternidade ,Lei de equiparação salarial e criação da CLT, Tipos de assédio no trabalho ,Principais mudanças nas leis trabalhistas em 2024. O objetivo dessa atividade era fazer que cada grupo apresentasse esses temas com curiosidades relevantes que talvez muitos ali presente não linha conhecimento, como por exemplo dar nome a todos os tipos de assedio para que assim as politicas podem punir esses de forma criminosa, visto o mais físico, psicológico e financeiro que passar por um assedio dentro do trabalho. Todos os demais temas foram seguiram a mesma lógica de apresentar curiosidade e um breve explicação do que se trata. 
Por fim, foi apresentado um vídeo intitulado “Domésticas” onde retratou o cotidiano de algumas mulheres que faz o serviço doméstico, como suas vidas as conduziram a tal profissão. Em um outro momento foi dado espaço de fala para que cada participantes comentasse sobre suas percepções sobre o documentário e como se sentiram. Além disse falamos um pouco como as leis que amparam essas trabalhadoras e como muitas politicas publicas ainda devem existir para que essa mão de obra não volte a ser considerado um trabalho análogo a escuridão.

Relatoria da cursista: Juliana Alves

17ª OFICINA DE 2024

 

17ª OFICINA DE 2024

24 de Agosto


A oficina teve início, com a apresentação da professora de Administração  Pública da UFRN e Mariana Mazzini. Nossa convidada, desempenha também a função  de coordenadora  geral da Secretaria Nacional de Políticas Públicas de Cuidado e Família do MDS. Dando continuidade, todas as participantes se apresentaram, citando uma atividade de cuidado que exerciam em seu cotidiano. Participamos também de uma dinâmica, onde cada uma de nós, em círculo, aplicava uma massagem na colega, simbolizando assim,  o tema da palestra que viria a seguir "Cuidado". Percebemos, que nem sempre, conhecemos as políticas públicas oferecidas e a forma de acessá-las. Fizemos um exercício de listar todas elas e discutir se estas,  atendiam as demandas da população de forma eficaz ou apenas parcialmente. A professora Mariana nos apresentou o Projeto de Lei em andamento que cria novas políticas públicas, e, que também procura aperfeiçoar as já existentes, de maneira que possam atender melhor os anseios de quem precisa. Nesse bate papo, entendemos que muitas vezes, administrações de cidades e municípios,  têm dificuldades em implementar determinadas políticas públicas, pelo nível de complexidade e não por descaso. A organização social é desigual, injusta e insustentável, devemos  buscar o conhecimento múltiplo, para compreender e saber buscar o apoio necessário quando precisarmos. Por fim, entendemos que "cuidado é um direito, e, essencial para a vida acontecer."
Relatoria da cursista: Teresinha

sexta-feira, 23 de agosto de 2024

16ª OFICINA DE 2024

 

16ª OFICINA DE 2024
 17 de Agosto


O encontro o dia 17 de agosto foi um grande aprendizado coletivo. Foi um assunto denso, porém importantíssimo que é o Orçamento público. A ONG INESC através da Elisa Rosas e Carmela Zigoni Assessoras Políticas, trouxeram as várias explicações práticas como diferenciação de orçamento doméstico e o público, impostos do PECADO sobre bebidas alcóolicas e fumo onde a taxação é enorme a fim de desestimular o consumo. Outro ponto também abordado foi o imposto sobre itens de consumo feminino, e são de taxação maior, ou seja, esses produtos são mais caros só por serem ROSAS mas a funcionalidade destes são iguais o do masculino. Foi abordado também: PPA plano plurianual LDO Lei DE DIRETRIZ ORCAMENTÁRIA LOA Lei ORÇAMENTÁRIA DA UNIÃO Num primeiro momento as reflexões foram de que o orçamento público não reflete uma tributação justa bem como a distribuição de renda também é muito injusta. Outro ponto crítico foi a explanação de que não existe hoje no Brasl uma justiça social orçamentária, pois quem ganha menos paga mais imposto que os ricos e milionários, e também os impostos recaem mais sobre o consumo do que bens e propriedade privadas e latifúndios. É preciso não só a divulgação ampla do que se é o orçamento, mas lutar por uma justiça fiscal orçamentária a fim de que quem tem maior poder de compra bem como bens pague mais que o indivíduo que ganha mal um salário mínimo para sobreviver. Atualmente existe essa injustiça pois os 1% mais ricos do Brasil pagam o mesmo tributo que o assalariado em itens básicos como arroz e feijão. Faz-se a urgência da conscientização dos legisladores com a reforma tributária em andamento a fim de que promova a equidade entre todos os cidadãos do Brasil. Além da transparência é preciso também que minimize a disparidade da concentração de renda.

Relatoria da cursista: Eleusa Raquel




sexta-feira, 16 de agosto de 2024

15ª OFICINA DE 2024

 

15ª OFICINA DE 2024
 12 de Agosto



A 15ª oficina iniciou com uma dinâmica que demonstrou muito bem como funciona a política, pois os participantes eram guiados pelas mãos de outra pessoa e assim é nossa vida enquanto cidadãos, elegemos nossos representantes e eles tomam as rédeas quando eleitos. São eles que criam as políticas públicas, que criam as leis, que executam o orçamento (dinheiro arrecadado através de impostos pagos por todos nós) e tem atribuições muito mais amplas.

Num segundo momento discutimos o que levamos em consideração ao eleger um político, se lembramos em quem votamos e se acompanhamos aqueles que votamos/elegemos. Fazer essa reflexão e ver outras pessoas discutindo esse assunto foi muito interessante, vemos que as pessoas consideram as mais variadas coisas, uns votam acreditando nos ideais políticos do candidato, outros analisam as possibilidade de eleição das pessoas e votam em quem consideram a melhor (menos pior) opção entre estes, muitos não levam o partido do candidato em consideração, outros observam a quem o candidato é ligado em outros cargos.

E finalizamos com a a dinâmica que nos ensinou as atribuições dos principais cargos eletivos do país, Presidente(a) da República, Senador/Senadora, Deputado/Deputada Federal, Governador/Governadora e Deputado/Deputada Estadual e pudemos ver que, como um todo, sabíamos algumas coisas, mas outras atribuições eram dúvidas gerais, o que me fez pensar se não devemos incluir o básico da política nas escolas, para que votemos com mais consciência e saibamos a quem cobrar.

Aproveitei o quadro montado na última oficina e trouxe uma colinha pra cá.

Postagem da cursista: Cissa



quinta-feira, 8 de agosto de 2024

14ª OFICINA DE 2024

 

14ª OFICINA DE 2024
 03 de Agosto



 Discutir sobre fake news nas redes sociais é tão importante, já que essas informações podem influenciar a percepção das pessoas de maneira negativa. 

A questão das bactérias e diabetes também é fascinante, pois muitas vezes as informações científicas podem ser mal interpretadas ou distorcidas. E a conversa sobre os direitos de reprodução assistida para casais lésbicos é fundamental para garantir igualdade e respeito. 

Sobre a competição justa no esporte, é um tema bem debatido atualmente. É importante que todos tenham suas vozes ouvidas e que se busque um equilíbrio para garantir uma competição justa para todos os atletas. Gostaria de expressar minha satisfação em participar das discussões recentes. A troca de opiniões tem sido enriquecedora, permitindo-nos aprender mais sobre a realidade da vida e a importância de discernir informações. É fundamental reconhecer que nem tudo que nos é apresentado é fato, e que as fake news podem distorcer nossa percepção da realidade. Essa conscientização é essencial para construirmos uma sociedade mais informada e crítica.

Relatoria das cursistas: Luciana e Rosana.




sexta-feira, 19 de julho de 2024

13ª OFICINA DE 2024

 

13ª OFICINA DE 2024
 13 de Julho 


A décima terceira oficina iniciou com a professora Livia, ela ressaltou a importância dos temas que foram trabalhados durante o primeiro semestre do ano, o direito das mulheres, das crianças e da família.

No primeiro espaço Nathalya Ananias, advogada e pesquisadora em alienação parental, se apresentou e quis saber o nome das cursistas, sugerindo uma breve apresentação de todas, que ao falarem seus nomes, também pudessem falar como nossa sociedade idealiza ser um bom pai/esposo e boa mãe/esposa. Para uma melhor visualização, com cartazes e pinceis deixou que as cursistas escrevessem suas opiniões, a cursista Sinara e a facilitadora Talita se voluntariaram a escrever o que cada uma citou durante as apresentações, então dividiram em quatro tópicos: bom pai/esposo, boa mãe/esposa, mãe ruim e pai ruim. Um debate foi aberto, ao se questionarem se o caminho em relação ao tópico que envolvia o que é ser um bom pai/esposo, estava de acordo com a primeira pergunta feita pela Nathalya, ou se estavam falando sobre como as cursistas queriam que fosse um bom pai/esposo. Ao se levantarem das cadeiras para observar tudo que foi falado e que estava escrito nos cartazes, perceberam o quanto que a sociedade cobra que as mulheres sejam uma boa mãe/esposa, o cartaz estava cheio. Em contrapartida o cartaz do bom pai/esposo, tinha poucos adjetivos, concluíram que boa parte das características de ser um bom pai/esposo foram ditos a partir de uma leitura de como gostariam que os pais e os esposos fossem, não como verdadeiramente são, ou como a sociedade naturalizou.

No segundo espaço Rayanne de Sales Lima, advogada e cientista política, apresentou alguns slides sobre como os estereótipos de gênero influenciam a percepção e a divisão das responsabilidades parentais, um vídeo sobre “Rede de Apoio e Parentalidade” e apresentou algumas políticas públicas que promovem uma parentalidade mais igualitária. Segundo Rayanne, a rede de apoio complementa o trabalho dos cuidadores principais e alivia a carga deles. Houve um debate ao diferenciar parentalidade e rede de apoio, chegando a conclusão que a presença paterna é fundamental e as responsabilidades devem ser divididas com a mãe, logo, não deve ser vista como “ajuda”.

Encerramos o primeiro semestre e entramos para o recesso, as pautas levantadas durante a oficina, concluíram o conteúdo referente ao primeiro semestre do curso.

Relatoria das cursistas: Gabriela Sampaio e Fia. 





segunda-feira, 15 de julho de 2024

12ª OFICINA DE 2024

 

12ª OFICINA DE 2024
 06 de Julho 


A primeira parte da oficina contou com a presença da promotora Liz Elainne, que faz parte do Núcleo de Enfrentamento à Violência e à Exploração Sexual contra a Criança e o Adolescente (Nevesca) do MPDFT. O tema abordado foi “Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes”. 

Foi destacado que a maioria dos abusadores são homens pertencentes à família da vítima. Também foi debatido a diferença entre abuso e exploração sexual, e como nem sempre um caso de exploração sexual é reconhecido. O abuso sexual pode acontecer dentro e fora do núcleo familiar. Pode se expressar de diversas maneiras, envolvendo ou não contato físico. Já a exploração sexual é mediada pelo pagamento em dinheiro ou qualquer outro benefício.

Debatemos como muitas vezes a criança não é tratada com respeito e suas vontades não são respeitadas, como por exemplo quando se recusa a abraçar um estranho e é repreendida pelo responsável. Também falamos como é importante o papel da educação sexual desde cedo por ser uma das principais ferramentas no combate e prevenção ao abuso sexual de crianças e adolescentes.


A segunda parte da oficina teve a presença do projeto “Vez e Voz”, que é um projeto de educação popular na prevenção e enfrentamento ao tráfico de pessoas no DF e entorno. O projeto é  liderado especialmente pela PLP Rosa Maria. 

Foi falado que o tráfico de pessoas é um dos crimes mais rentáveis do mundo, ficando atrás apenas do tráfico de drogas e de armas. Os principais tipos de tráfico de pessoas são: para fins de exploração sexual, para fins de trabalho escravo, tráfico de crianças e tráfico de órgãos. Adolescentes são vulneráveis por serem alvos fáceis a propostas de se tornarem modelos internacionais, jogadores de futebol famosos, e podem se tornar vítimas do tráfico humano. Mulheres pobres, desempregadas e jovens são extremamente vulneráveis para o trabalho forçado ou exploração e são expostas às migrações entre os estados ou para outros países, sofrendo situações de abuso e violência.

Relato da cursista: Ruhama



      




11ª OFICINA DE 2024

 

11ª OFICINA DE 2024
29 de Junho 


A oficina se iniciou com uma dinâmica bastante interessante baseada em objetos que a gente teve contato enquanto criança e que permaneciam nas nossas vidas até hoje. Foi muito legal observar de que forma esses objetos ainda trazem algum sentimento ou até mesmo alguma lembrança que nos transportava diretamente para aquele tempo.

O encontro em si falou muito mais sobre como, enquanto criança, a gente se sentia amada, respeitada e até mesmo ouvida diante das situações que aconteciam cotidianamente. Tivemos a participação de uma convidada de nome Andréia Crispim, sua colaboração na oficina trouxe uma análise fundamentada sobre a garantia de Direitos das crianças e do adolescente no Brasil com o marco de implementação do ECA e como o processo histórico de escravização e de pagamento se reflete   sobre a maneira que o Estado propõe políticas que pensam essa temática na atualidade. Ademais, é importante ressaltar que a racialização, a condição social e até a  sexualidade são  marcadores sociais  que falam sobre como a criança é cuidada em uma macro visão  que está num momento especial, numa fase peculiar,  em é nesse  momento  que se constrói a personalidade e características fundamentais de uma pessoa adulta. 

Por fim, fomos convidadas a observar nossas fotos quando crianças e particularmente me senti bastante emocionada em pensar como a infância tem influência direta na pessoa adulta que nos tornamos. Foi um encontro muito especial!

Relato da cursistas: Lorraina Lauro


            




 


quarta-feira, 26 de junho de 2024

10ª OFICINA DE 2024

 

10ª OFICINA DE 2024
22 de Junho 



Qual não foi nossa surpresa, ao nos depararmos, com o chão, da sala onde ocorrem nossas oficinas, repleta de balões coloridos.  Foi dessa forma que a facilitadora Carol, deu início a uma dinâmica, citando frases que definem o cotidiano de diversas mulheres,  xingamentos,  ofensas e agressões. Ao identificarmos determinada situação, seja ela, acontecida conosco ou com alguma mulher de nosso convívio,  um balão deveria ser estourado. Carol enfatizou, que essa dinâmica é feita com balões justamente porque causa impacto. 
Dando continuidade ao nosso encontro,  a Psicóloga Bruna, especializada na área de violência doméstica, discorreu sobre o papel da mulher na sociedade,  ou seja, muito mais do que isso, "o que se espera dela". A sociedade entende, que como a mulher é capaz de gerar, ela é capaz de cuidar melhor, porém, o cuidado não  é habilidade natural da mulher,  deveria ser de todos. O cuidado não é uma atividade remunerada, é desvalorizada, muitas vezes ocupando todo o tempo dessa mulher,  afastando-a dela mesma.
Prosseguindo, falamos sobre o ideal estético, que nos encaminha para o relacionamento, e que é baseado no padrão eurocêntrico , ou seja, que é jovem, magra e de preferência loura. A feminilidade, próxima do ideal, nos coloca numa "prateleira", gerando a possibilidade de ser "escolhida", gerando competição e uma relação de desconfiança entre as mulheres. Diante do exposto, entre as mulheres, existe uma terceirização da auto estima, os homens, avaliam eles mesmos, nós somos avaliadas por eles. Foi abordado também o papel da indústria nesse contexto, que acaba lucrando muito, diante da insatisfação da mulher com a estética. "Será que tenho o cabelo que gosto, ou o que a sociedade me cobra"?
Houve espaço para discussão, perguntas e esclarecimentos sobre questões de raça, gênero e violência, além de um comparativo dos números entre mulheres brancas x mulheres negras.
Dando continuidade,  tivemos a fala da psicóloga Natália,  uma convidada que Agregou muito ao nosso encontro, falando sobre a violência doméstica, suas variações e em alguns casos a dificuldade de serem identificadas. As mais visíveis são os tapas,  empurrões,  facadas,  tiros, etc;  fomos conduzidas a questionar os vários comportamentos:
O controle: É subestimado, mas faz parte também,  da violência, vai "minando a autoestima da pessoa".
Naturalizando: "Se você confia em mim, tenho que ter sua senha do celular"...o que muitas vezes é traduzido como forma de amor e confiança.
Ciúme: Muitas vezes é traduzido como "a pessoa se importa", ideia de que quem não deve nada mostra tudo, aí o outro vai controlando cada vez mais. Por isso, nunca se deve abrir o espaço privativo. 
Ler o diário: Não é percebido como violência mas é. Ser pai, mãe ou irmão, não é carta branca para invasão. 
Foi abordado também a dinâmica da violência, que se retroalimenta e é muito danosa. 
Finalizando foram citadas alternativas e estratégias para sair do círculo da violência,  redes de apoio e o conselho de "nunca se perder da relação consigo mesma."
 Agradecemos às convidadas e nossas facilitadoras pela importante troca de conhecimentos, respeito e cumplicidade.

Relatoria da cursista: Terezinha B. Ribeiro





sexta-feira, 21 de junho de 2024

9ª OFICINA DE 2024

 

9ª OFICINA DE 2024
15 de Junho 


No dia 15 de junho tivemos a oportunidade de receber duas convidadas em nossa oficina. O tema tratado falava sobre Medidas protetivas de âmparo à mulher vítima de violência, numa abordagem geral conceituando a realidade do Distrito Federal e as dificuldades encontradas diante de um cenário enfraquecido no âmbito de atendimento e acolhimento dessas mulheres.  Inicialmente nossa dinâmica se deu através dos seguintes questionamentos:
 
- Sofri/sofro violência, o que devo fazer?
-Tenho uma amiga que sofre violência, como devo ajudá-la?

Esses questionamentos nos deram a possibilidade de compreender qual a melhor estratégia para acolher e buscar ajuda em situações de violência, para além das informações básicas que constantemente circulam. Entendemos que em meio a tantas atrocidades sociais o melhor caminho para buscar mudança é o conhecimento e por este motivo estar em espaços como este nos possibilita enxergar o mundo de uma outra forma e nos capacita para sermos agentes modificadores em outros espaços, utilizando do que aprendemos para orientar outras pessoas e também utilizarmos caso necessário.
 Gostaria de dizer que amei a oficina de sábado e espero que todas tenham gostado!

Relato da cursista: Baixinha.





quarta-feira, 12 de junho de 2024

8ª OFICINA DE 2024

   8ª OFICINA DE 2024
08 de Junho 


Durante a manhã tivemos a exibição do filme “ Acorda Raimundo... Acorda!!![1], seguido de uma troca de impressões e experiências. O intuito foi identificar a partir do filme as violências contra mulher contidas ali e em outros espaços. E partir daí entramos na Lei Maria da Penha [2]

Das várias impressões surgidas:

a)      A identificação das violências (física, patrimonial, psicológica e sexual)

b)      O impacto – ver um homem sofrer essas violências foi mais impactante do que teria sido ver uma mulher. O elemento cultural é muito forte. Há uma naturalização desse modelo de opressão. Por homens e por mulheres.

c)       Saber identificar as violências como violências e não como acontecimentos corriqueiros do dia-a-dia; imprescindível para a cessação.

d)      Ao final do filme, ainda que aliviado, ao acordar. Raimundo segue reproduzindo as mesmas violências, ter estado no lugar da Marta não fez com que ele despertasse. Só havia espanto na violência cometida por ela.

Na sequência, o arraiá das PLP, com comidas maravilhosas, cheias de sabor e carinho. A canjica, então! Não há o que falar, além de saborosíssima, foi servida num panelão, todas levamos para casa. As bandeirinhas com suas cores e movimentos foram importantes para, junto com os doces, suavizar a temática ácida do tema discutido.

Após o lanche, Lívia iniciou historicizando sobre a Maria da Penha. As violências por ela sofridas, a luta por ela travada e que deram nome à Lei – falando principalmente, das várias mãos que a construíram. E também das violências recentes que lhe impõem a vivência sob escolta policial, haja vista as ameaças as quais tem sido vítima. Embora seja uma mulher idosa e cadeirante sua atuação e os impactos dessa Lei provocam ainda, disputas de narrativas e demonstrações de intolerância.

Uma das perguntas da Lívia: _ por que a existência da Lei não reduziu, da forma como gostaríamos os números da violência? As ponderações nos fizeram ver que a violência precisa ser combatida e não apenas criminalizada.

Os elementos culturais, a falta de investimento nas ações de combate e de prevenção, que possam ir da denúncia até o acolhimento humanizado à vítima e filhos, a falta de operacionalização de um dos elementos mais importantes da lei, que é a discussão sobre a temática nas escolas – que é tratado como ideologização da escola. Pontos como esses precisam ser implementados, além de tratamento ao homem agressor.

Combater a violência contra mulher não passa apenas pela imposição de medidas protetivas, que a competência do judiciário ainda não foi suficiente para esclarecer o prazo de validade. É um tema que ainda segue sob a interpretação da vítima, agressor ou agente, o que pode deixar a vítima desamparada.

A violência doméstica acontece em um espaço onde também há afetos, na maioria das vezes as mulheres não querem prender seus agressores, os pais de seus filhos, querem apenas cessar as agressões.

Relatoria da cursista: Tetê.



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quarta-feira, 29 de maio de 2024

7ª OFICINA DE 2024

                                 7ª OFICINA DE 2024

                                          25 de Maio de 2024


Vulva,

Dos encontros da vida, pensarmos em trocas e saberes, se faz necessário em uma sociedade que nós mulheres fomos criadas para não conhecermos nossos corpos. Em uma sociedade que estabeleceu a dicotomia de beleza padronizada, muitas de nós só experienciamos o que é imposto como feio.

Falar de vulva, desenhá-la e acompanhar os relatos acerca de tabus, opressões e desconhecimento me fez pensar o quanto fomos e somos silenciadas. Não reconhecer uma parte do nosso corpo é mais uma amordaça advinda de uma criação de não poder, de não falar e de não sentir, sobretudo de não tocar.

A primeira parte do encontro nos proporcionou refletir o quanto ainda é difícil falarmos de algo que faz parte do nosso corpo, algo que deveria ser simples. Mesmo cientes que aquele espaço transborda segurança há pudores cristalizados em pensar e falar de características que compõem a vulva: monte pubiano, os grandes e pequenos lábios, o clitóris, o vestíbulo da vagina, as glândulas de Skene, as glândulas de Bartholin, a abertura da uretra e a vagina.

Se difícil é pensar, falar, imagina desenhar. E assim foi.


Sexualidade,

Após, na segunda parte, trocamos conhecimentos e possíveis significados sobre os termos: lésbica, bissexualidade, não-binário e transexualidade, numa perspectiva de orientação sexual e identidade de gênero.

A dinâmica baseou-se em três perguntas. Ao ouvir cada palavra mencionada, qual a palavra vem em mente? Qual sentimento desperta? Essa palavra gera dúvida? E sem sombra, dúvida é que não falta.

Em resumo, a mulher lésbica refere-se a mulher que sente atração afeto-sexual por outra mulher e bissexualidade refere-se atração afetiva e sexual por pessoas de qualquer gênero e sexo, ambos são relativos a orientação sexual. Já o termo não-binário é empregado para a pessoa que não se sente pertencente ao gênero masculino ou ao feminino e a transexualidade é utilizado para se referir a uma pessoa que não se identifica com o gênero ao qual foi designado em seu nascimento, ambos estão ligados a identidade de gênero.

Entre termos e significados, lésbica significa amor, amor genuíno, daqueles amores que olhares não se enganam.

 

Desejo,

Na última parte do encontro houve provocação da palavra desejo. O que é desejo? O que é desejar? O que é ser um sujeito desejante? E o significado, assim como os nossos sábados, vai além da expectativa de possuir ou alcançar. Foge do erótico. Desejo é estar, ir e ficar! Desejo é movimento, é aprender, é pensar. É cheiro, é paladar, é escutar.

 

PLPs,

Dialogar acerca de vulva, sexualidade e desejo me faz lembrar o quanto é importante essa viagem sem volta que esses encontros semanais nos proporcionam. Pensar e falar sobre nós vai além de termos e significados. É um fruto colhido de transformação na vida de tantas que somos nós, que carrega, que embala um mundo que tenta nos silenciar. Pensar em PLPs me lembra construções, quebras e reerguimento de mulheres!

Relatoria da cursista: Camyla Hendrix





sexta-feira, 24 de maio de 2024

 

                             6ª OFICINA DE 2024

                                         18 de Maio de 2024


O encontro iniciou com um momento de reflexão onde cada participante foi convidada a compartilhar sobre uma mulher que considerava uma inspiração.

Após a abertura, realizamos uma dinâmica voltada para a escolha e apresentação de histórias marcantes nas conquistas das mulheres no Brasil. As participantes foram divididas em pequenos grupos e cada grupo escolheu uma história que considerava significativa para compartilhar.

A segunda parte do encontro contou com a presença da professora convidada, que ministrou uma palestra sobre os avanços e desafios legislativos na luta pelos direitos das mulheres no Brasil.

E avançamos com uma análise dos obstáculos enfrentados na criação das leis. Além de uma discussão sobre a resistência cultural e institucional que ainda persiste em diversas regiões do país e foram base para a luta pelos direitos das mulheres em suas comunidades.

Agradecemos a professora que participou com suas valiosas contribuições para o sucesso deste encontro. 

Relatoria da cursista: Raquel Almeida Vargas






5ª OFICINA DE 2024

                                                    5ª OFICINA DE 2024

                                                    11 de Maio de 2024


"Minha mãe me deu ao mundo de maneira singular. Me dizendo uma sentença: pra eu sempre pedir licença, mas nunca deixar de entrar" (Tudo de Novo, Maria Bethânia e Caetano Veloso).

 

“Nós, mulheres negras do Brasil, irmanadas com as mulheres do mundo afetadas pelo racismo, sexismo, lesbofobia, transfobia e outras formas de discriminação, estamos em marcha. Inspiradas em nossa ancestralidade, somos portadoras de um legado que afirma um novo pacto civilizatório”.

( Trecho introdutório da Carta da Marcha das Mulheres Negras .18 de nov. de 2015 )


Nossa oficina teve como "esquenta" uma dinâmica que consistia em andarmos, todas, pela sala, em movimentos lentos e livres. E, ao toque de "pare!", dado pela PLP Carol, parávamos e, com os olhos fechados, devíamos responder a algumas perguntas sobre sinais visuais que observamos umas nas outras, tais como "quantas ali vestindo calça, quantas com uma determinada tatuagem, quantas de blusa azul, etc". Um exercício de sensibilidade visual. De como vemos e percebemos o/a outro/a com quem convivemos. E houve uma pergunta provocativa: Quantas pessoas na sala são brancas e quantas negras? Para essa não nos foi cobrada uma resposta. Apenas serviu como questão motivadora para o tema do encontro, qual seja, a construção da identidade negra.

Em seguida, formamos alguns grupos para lermos textos sobre questões etnicorraciais. Um grupo foi formado por mulheres que se entendem como negras (pretas ou pardas), outro pelas que se autodeclaram brancas e o terceiro, por mulheres que ainda estão num processo de busca da identidade racial ou que não o sabem.

Os textos discorriam sobre o legado nefasto do racismo e seus efeitos sobre nossa capacidade de autodeclaração da identidade etnicorracial e sobre quão delicado foi esse processo, pois que viemos de uma estrutura que se ocupou em nos fazer admirar e submeter aos valores e padrões da civilização eurocêntrica. Os textos falavam, também, sobre como a instituição Escola teve e ainda tem, em muitos aspectos, papel fundamental na reprodução da ideia da supremacia branca, bem como tem a responsabilidade, a partir, sobretudo, da Lei 10.639/2003, de fomento à luta por uma educação antirracista no Brasil.

Após a leitura, formamos um grande grupo e, voluntariamente, muitas de nós fizemos a exposição do que lemos. Passamos a refletir e dialogar sobre o que é ser negro/a no Brasil e suas implicações no nosso processo de reconhecimento de nossa história e de nossa ancestralidade. E foi consensual a ideia de que houve a tentativa ideológica  de  apagamento  da  história  e  da  cultura  afro-brasileira,  para  fins  de subalternização física, mental e intelectual e de silenciamento das vozes negras. Houve um esforço, pela classe branca e privilegiada, de desenvolver nas mentes e nos corpos negros uma necessidade real e simbólica de “embranquecimento”, se quiséssemos, negros/as, ser social e humanamente aceitos.

Fizemos pausa para um delicioso lanche e logo depois, tivemos um momento com a PLP Mariana, que veio contribuir com as reflexões sobre racismo e como as questões raciais atravessam e afetam as mulheres negras, em especial.

Ela distribuiu 2 textos do livro autobiográfico Quarto de Despejo: Diário de uma favelada, da escritora Carolina Maria de Jesus. Os textos são o relato de 2 dias na vida dessa mulher, preta, mãe solo de três filh@s, muito pobre, moradora de uma favela no Estado de São Paulo nos anos de 1960, que todos os dias saía muito cedo de casa, para o corre do ganha pão. Catando papelão, pedindo ossos nos açougues, recolhendo restos de comida… E contemplando a vida livre e sem miséria dos pássaros, a beleza (para ela) da cidade, que lhe parecia cheia de palácios e riquezas, se punha a acumular pensamentos. Pensamentos e revoltas que, à noite, tendo - ou não - alimentado a si e a seus filh@s, ela se punha a relatar. Escrevia observações sobre sua saga pela sobrevivência e sobre suas percepções doridas acerca da vida dos negros e negras como ela. Carolina denunciava as desigualdades de gênero, de raça e de classe. E foram esses três enfoques que a promotora Mariana pediu que a gente identificasse e destacasse nos textos em análise.

Carolina Maria de Jesus tinha consciência da opressão que sofria por ser mulher, por ser negra e por ser favelada, vivendo na pobreza extrema. Seu olhar crítico sobre injustiça social, sobre os agentes do poder público (políticos) e sobre a democracia como sistema de governo transpassa a todo momento sua percepção sobre o mundo em que vivia. E, em algumas passagens de seus relatos, ela se mostrava cética em relação às promessas que ouvia de políticos e candidatos.

A escrita de Carolina Maria de Jesus era solitária, como toda escrita. Mas o seu processo criativo se misturava com o caos que era sua existência. Muitas vezes escrevia com fome, com dores no corpo e na alma. Preocupada com as agruras do dia que estava por vir. Preocupada com os perigos que seus filh@s corriam, sendo negr@s. Era uma mulher sagaz. Tinha consciência política, era semi analfabeta, mas falava e escrevia com eloquência. Morava em um lugar paupérrimo, mas sabia o que era morar bem, de tanto que observava os “palácios” que via na cidade. Não acreditava no poder público, mas sabia o que era ter uma vida digna, de tanto observar - e desejar - a vida das pessoas bem alimentadas e felizes que sabia existirem.

Quando terminamos a leitura, em pequenos grupos, abrimos uma grande roda para exposição de nossa compreensão e análise dos textos. E foi nesse momento que Mariana abriu uma discussão acerca do Feminismo Negro e da importância da interseccionalidade. E de como Carolina Maria de Jesus ocupa lugar muito importante na literatura feminista e no Feminismo Negro.

Se estivesse viva, Carolina Maria de Jesus provavelmente teria marchado, naquele novembro de 2015, junto com as mais de 50 mil mulheres, na Marcha das Mulheres Negras, contra o racismo, a violência e pelo Bem Viver, reivindicando um novo pacto civilizatório. Afinal, lá atrás, em 1960, foi ela quem escreveu: “para mim o mundo em vez de evoluir está retornando a primitividade..." (Quarto de Despejo)

Foi uma oficina muito farta de alimento. Para nosso corpo (ah, lanches gostosos!) e para nossa compreensão de mundo. Sou só gratidão!

Relatoria: Fia (Alcioneides Novais)