20ª OFICINA DE 2024
05 de outubro
O tema da oficina do dia 5 de outubro foi violência obstétrica, e Carol Freire, que além de PLP é doula, foi a facilitadora. No primeiro momento, Carol nos pediu que para compartilhar algo que soubéssemos sobre o dia do nosso próprio nascimento: podia ser qualquer coisa que tivéssemos ouvido de nossas mães ou outras pessoas da família sobre como estava o dia, como foram os momentos finais da gravidez, como foi a experiência do parto. Os relatos compartilhados foram muito diversos. Há entre nós, cursistas, quem tenha nascido em casa com auxílio de parteira, outras nasceram em hospitais; algumas nasceram de partos normais, outras de parto cesariano; algumas de nossas mães estavam bem acompanhadas e amparadas, outras tiveram que enfrentar essa experiência sem muito apoio.
Esse primeiro momento da oficina ofereceu uma oportunidade de conversar sobre as muitas questões envolvidas em um nascimento a partir da experiência da pessoa gestante – se ela está acompanhada por alguém de confiança ou não, se ela tem acesso aos cuidados médicos de que precisa ou não, se ela tem liberdade para se movimentar e se expressar durante o parto, se após o nascimento ela tem rede de apoio para acolher a pessoa que acaba de chegar ao mundo.
Na segunda parte da oficina, trabalhamos com o jogo de cartas Plano de Parto, criado pelo Coletivo Feminista Saúde e Sexualidade. Funcionou assim: cada uma de nós escolheu uma carta, que contém uma ilustração de uma situação relacionada ao parto, e descreveu a imagem para as companheiras. Na conversa sobre as cartas, falamos sobre diversas questões que estão relacionadas à violência obstétrica, que pode ser definida como o desrespeito à mulher, à sua autonomia, ao seu corpo e aos seus processos reprodutivos. A violência obstétrica, que é praticada por profissionais de saúde que atuam no contexto de gestação e parto, pode acontecer na forma de violência verbal, física ou sexual, e também com a prática de intervenções médicas desnecessários e/ou sem evidências científicas.
Essa dinâmica do jogo Plano de Parto nos permitiu identificar e conversar sobre várias práticas de violência obstétrica, como: imposição de parto cesariano sem necessidade médica; xingamentos, humilhações e comentários racistas, LGBTfóbicos, classistas e capacitistas durante o parto; proibição da presença do acompanhante, que é direito e escolha livre da mulher que está parindo; episiotomia (“pique” no parto vaginal), inclusive sem anestesia e/ou sem informar à mulher; uso de ocitocina (“sorinho” usado para acelerar o trabalho de parto) sem necessidade e/ou sem informar à mulher; manobra de Kristeller, que é pressão sobre a barriga da mulher para empurrar o bebê; restrição de movimento da mulher durante o parto, inclusive impedindo que ela escolha sua posição de parto; negação de alimentação e água para a mulher durante o trabalho de parto; negação de anestesia, inclusive no parto normal; negação do contato imediato, pele a pele, do bebê com a mulher após o nascimento, e imposição de barreiras para a amamentação nesse momento.
Conversar sobre violência obstétrica é falar sobre as muitas formas em que a sociedade em que vivemos discrimina e maltrata mulheres e outras pessoas que podem engravidar, negando-lhes as condições básicas para viver a gestação, o parto e o puerpério de forma digna, saudável e com o acolhimento necessário tanto para quem vive a experiência do início da maternidade quanto para uma nova pessoa que acaba de chegar ao mundo.
Na parte final da oficina, retomamos o planejamento da ação de formatura da nossa turma, da qual todas as cursistas devem participar! Não custa lembrar: as cursistas que ainda não sabem do que se trata devem entrar no grupo de Whatsapp sobre a ação e se atualizarem o quanto antes. Em todas as próximas oficinas até o final do curso, teremos esse momento reservado para conversar sobre a ação.
Relatoria da cursista: Sinara Gumieri
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