segunda-feira, 13 de maio de 2024

4ª OFICINA DE 2024

                                                    4ª OFICINA DE 2024

                                                04 de Maio de 2024


Eu cheguei toda assoberbada no encontro desse sábado, estava ainda mexendo no celular, mas aí a Carol - a facilitadora que estava administrando aquela primeira atividade- nos mandou virar a cadeira e sentar olhando para a parede, fechar os olhos, respirar e se localizar no espaço e no tempo do nosso encontro. 

Em seguida, ela pediu pra que nós tocássemos na parte do nosso corpo que fizesse com que nós nos identificássemos enquanto mulher. Como todas nós estávamos de olhos fechados, eu não sei o que minhas colegas fizeram, mas eu não toquei em parte alguma,  porque me parecia muito óbvio os lugares que eu tinha pensado, então preferi não tocar em lugar nenhum.

Após isso, nós viramos as cadeiras e começamos a conversar sobre quando e como nós nos percebemos enquanto mulheres.

Foi muito curioso, porque cada uma trouxe experiências distintas e ficou latente a natureza interseccional de cada vivência e daquele grupo - também quanto um corpo coletivo.

Nesse cenário, questões de raça, sexualidade e classe foram pautadas, não como tangentes a questão de gênero mas enquanto elementos que perpassam e, muitas vezes, sobrepõem-se as questões de gênero.  Assim, depreendi que nem sempre ser mulher é a grande questão, ou a questão mais latente no processo de reconhecimento pessoal.

Em seguida, as facilitadoras nos deram uma folhinha com um biscoitinho humano e nós tivemos que preencher esse bonequinho com: i) identidade de gênero; ii) orientação sexual; iii) sexo “biológico”; iv) expressão de gênero. 

Nesse contexto, à identidade de gênero associamos a: mulher, homem, não binário, cis, trans e travesti. 

Em relação a orientação sexual, expusemos várias, das quais destaco, em tom exemplificativo: lésbica, gay, pansexual, asexual, bissexual, heterossexual e demissexual. Esse momento foi muito curioso porque falamos várias orientações, mas esquecemos da heterossexual até o último momento - acho que isso mostra muito o coletivo no qual nós estamos inseridas. 

O sexo “biológico”, por sua vez, vinculamos ao sexo: feminino, masculino e o intersexual. Por último, a expressão de gênero, classificamos enquanto:  feminino, masculino e o andrógeno. 

Depois de preencher isso, claro, com muita discussão no meio do caminho, nós debatemos um pouco sobre a desigualdade de gênero. 

Nessa discussão, determinamos que tal desigualdade é um fato concreto da realidade, que tem  motivos distintos e seus graus diferentes, mas que é nitidamente perceptível na nossa realidade. 

Por fim, nós trabalhamos um pouco sobre o feminismo, o que ficou mais evidente nesse assunto, para além das categorias de feminismo e tudo mais, é o fato de que os direitos das mulheres e consequentes políticas públicas de igualdade de gênero, são frutos do movimento feminista, enquanto uma força coletiva advindo da mobilização das mulheres.

Para finalizar o encontro, nós tivemos que dizer o que mais nos marcou nessa sessão das PLPs. Tentando aqui fazer um resumo, o que apareceu em quase todas as falas foi a definição desse espaço enquanto um espaço de escuta. Observei também um sentimento genuíno de gratidão por integrar esse espaço e poder dividir, compartilhar e ouvir todas essas vivências e trabalha-las em coletividade.

Relatoria da cursista: Julia Zucchi Natour






segunda-feira, 6 de maio de 2024

3ª OFICINA DE 2024

 3ª OFICINA DE 2024

27 de abril 


Na primeira parte da oficina do dia 27 de abril de 2024, nós conversamos sobre modelos de educação. Começamos com uma dinâmica de teatro-imagem: usando apenas a linguagem corporal, sem poder falar nada, criamos duas cenas. A primeira imagem teve educação formal como tema. O resultado foi uma cena de uma sala de aula, com muitas estudantes sentadas e em silêncio, uma professora escrevendo num quadro, provas sendo corrigidas, algumas pessoas lendo. Na segunda cena, o tema foi educação popular, e imagem que montamos foi bem diferente: havia pessoas sentadas ou deitadas de maneiras mais confortáveis, sempre em duplas ou pequenos grupos, conversando em roda, dançando, caminhando e observando coisas a sua volta. 

Na reflexão coletiva sobre as imagens que criamos, falamos sobre os contrastes. Na imagem da educação formal, representamos as experiências de muitas de nós em escolas, cursos profissionalizantes e universidades, em que o foco ainda é a reprodução e memorização de informações, a disciplina dos corpos, o silenciamento. Geralmente nesses contextos há pouco espaço para a troca de experiências, para expressão individual e coletiva, e para aplicar conhecimentos na vida real, na solução ou reflexão de problemas concretos. 

Muitas companheiras relataram também como esses espaços de educação formal com frequência são marcados por práticas discriminatórias, violentas e desumanizantes com crianças e adultas negras, e também tendem a ser moldados a partir de expectativas diferentes direcionadas para meninas e mulheres – vistas como mais comportadas, passivas e cuidadoras – e para meninos e homens – vistos como mais fortes e ágeis, mais interessados em esportes, mais competitivos.   

Por outro lado, a imagem sobre educação popular nos despertou ideias de um aprendizado que não se faz só com a mente, mas também com o corpo, com o movimento. Um aprendizado que não se vive individualmente, mas juntas, conversando, trocando experiências e ideias. E uma produção de saberes que tenha compromisso com nossas vidas e problemas sociais. 

Na última parte da oficina, conversamos sobre as regras de convivência que queremos seguir no curso esse ano. Fizemos um acordo de guiar nossos encontros por valores como alegria, respeito, responsabilidade, abertura para aprender, acolhimento e cuidado umas com as outras, além de manter práticas como sempre levar lanche e café e ser pontuais com os horários das oficinas. Combinamos também que deixaremos de fora do curso todos os tipos de discriminação, incluindo LGBTfobia, racismo, capacitismo, classismo, sexismo, etarismo e gordofobia; também cuidaremos de não espalhar fake news e desinformação, e de não ter posturas autoritárias e impositivas, entre outras regras que ficaram registradas por escrito em cartazes.

Estamos desenvolvendo uma base bonita e sólida para uma jornada de muito aprendizado e alegria em 2024!

Relatoria da cursista: Sinara Gumieri