Ano Passado tivemos o 1° Curso de Promotoras Legais Populares em São Sebastião. O Curso foi tão bom que esse ano não poderíamos deixar de continuar. No dia 07/04/2018 foi o primeiro encontro, do II Curso de Promotoras Legais Populares de São Sebastião no Colégio CEM 01 (Centrão)
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II CURSO PROMOTORAS LEGAIS POPULARES SÃO SEBASTIÃO |
E para saber o que aconteceu na primeira oficina, segue abaixo o relato:
07/04/2018
A oficina ocorreu nas seguintes
etapas:
1- Apresentações: Dinâmica- falar 5 características pessoais; o que esperam do curso e como conheceram o
curso.
Compareceram técnica de
enfermagem; pessoas da área da saúde, estudantes; artistas, costureiras, representante
da promotoria de São Sebastião- Kátia; Gabriela da
coordenação de direitos humanos, Promotora
Laís; sindicato das trabalhadoras domésticas da
Bahia; FENATRAD; militante do PT, Casa Frida; Professoras, jornalistas;
advogadas, donas de casa.
2- Lanche Coletivo
3- História
das PLPs
A professora Bistra Stefanova apresentou as PLPs como um projeto que antes
tinha parcerias com ONGs e depois investiram no projeto sozinhas, amparadas
pelo programa de extensão da UNB e do Ministério Público do DF. O projeto foi ampliado
contando com a participação da comunidade que nunca abandonou o projeto.
Posteriormente a Fio Cruz entrou como parceira. Informou que no ano passado as
PLPs tiveram um prêmio de Educação Formal em direitos humanos, e
que a coordenadora do prêmio, ficou impressionada pelo tempo de duração
do curso das promotoras legais populares.
4- Como
funciona o curso- Heloisa Adegas apresentou
O Trabalho tem como metodologia a
educação popular, e horizontalidade de troca de saberes e conhecimento. Com
temas principais e também com as demandas de temas que aparecerem no decorrer
do curso. As facilitadoras que organizam as oficinas, planejam as dinâmicas e
podem trazer colaboradoras para preencher as oficinas. A ideia é se sentir mais
preparada para encarar as realidades. Disse: “Acreditamos que a união e troca
entre as mulheres nos fortalece. ” Discorreu sobre como funciona a organização
do curso, a duração, a ação concreta, e a formatura. Direito achado na Rua- não
é um direito institucional, é um direito feito pelas próprias pessoas.
Passou também os Informes: sobre
a importância da Relatoria de cada oficina, ajuda de transporte, lanche, cada
participante trazer uma outra mulher para participar.
5- Fala
das Parceiras
Ministério Público – Representante do MP, Laís
Trabalhou no núcleo de 2006 e
2010 com as PLPs. Observou que as PLPs passaram por algumas mudanças, e
percebeu que as formadas continuam no projeto. Compartilhou sua experiência
pessoal com o projeto e como delegada de polícia da delegacia da mulher, onde
teve o primeiro contato com as questões das mulheres, observando-se de um lado
como cidadã e por outro como figura de autoridade, dessa forma se sentia levada
pelo sistema. Quando foi ao MP entrou para área criminal e quando em 2006
entrou para o núcleo de gênero, teve a oportunidade de contato com as PLPs e
percebendo que a formação das estudantes de direito seria de uma experiência
muito diferente da dela. Depois foi trabalhar em Planaltina com violência de
gênero e encontrou empecilhos de aplicar a Lei Maria da Penha, dando uma
sensação de impotência. AS PLPs a fizeram enxergar que em cada área da vida e
qualquer lugar que ocupe na sociedade, traz uma visão diferente de si mesma na
sociedade. E a fez desenvolver um trabalho diferenciado pelo contato que teve
com as PLPs.
Casa Frida- Helen Cristian
Apresentou a casa como um
referencial feminista da cidade de São Sebastião. A Casa acolhe mulheres em
situação de violência. Via uma dificuldade de trazer as mulheres da cidade para
desenvolver os projetos em parceria com as PLPs. Pensar junto como pode ser a
atuação na cidade. Apresenta a cidade como em estado de vulnerabilidade
financeira que atinge as mulheres mães e negras. E as crianças sem escola.
Apresentou como funciona a Casa- que trabalha em 3 vertentes: mobilização
social; cuidado e auto-cuidado entre mulheres e difusão da arte e cultura
feminista com várias atividades. E não possui financiamento financeiro, busca
outros meios de manutenção. Convida as mulheres para colaborarem com a casa. E
propõe apoio as mulheres que queiram apresentar e ou desenvolver seus trabalhos
na Casa. Se insere no fórum social de
São Sebastião, no Conselho de juventude. Apresenta as Casas que acreditam nos
direitos humanos e sociais.
Mari- Professora do CEM 01
A professora começou sua fala com
a frase: “A construção da sociedade faz parte da comunidade escolar”. Relatou que o curso tem a ver com a cidade de
São Sebastião, pois agrega sonhos e lutas e que a cidade, apesar de ter uma
realidade de estigmas raciais de classe e gênero é ao mesmo tempo formada por
uma juventude potente que se recria pela poesia, trazendo outras perspectivas
para os jovens e professores. Falou que nos primeiros anos em São Sebastião não
percebeu a potência da cidade, mas em contato com os jovens começou a entender
a sua própria experiência como PLP e professora da rede. Então começou o sonho
de levar as PLPs para São Sebastião, junto com as outras organizações e
pessoas. Percebeu que esse poder que
move o curso traz respaldo para transformar as coisas. E em contato com as
cursistas do 1° curso em São Sebastião percebeu a potência do curso e de como
ele pode crescer na cidade.
Creuza Oliveira- FENATRAD
Creuza foi trabalhadora doméstica
e estudava no período da noite, alegou que as trabalhadoras domésticas sentem
vergonha de falar de sua profissão, mas que no colégio onde estudava, havia um de atendimento que começou a fazer um projeto com grupos de domésticas entre
1986 e 1990 e que isso culminou numa organização de trabalhadoras domésticas da
Bahia. Falou da história de Laudelina, que através da Rádio começou a
movimentar o desenvolvimento rumo a associação das trabalhadoras domésticas e
que hoje trouxe conquistas de direitos para essa categoria. Afirmou que o
trabalho doméstico tem recorte de gênero, raça e classe. E que encontra
dificuldade de convidar as trabalhadoras para participarem dos sindicatos e das
organizações em prol dos direitos das trabalhadoras domésticas, por estarem em
âmbito privado e não conhecerem seus direitos. Disse que a luta é pela
valorização das trabalhadoras domésticas, de empoderamento e autoestima, para
que elas estudem e possam ter outras perspectivas e escolhas. Relatou que as Associações
encontravam muita dificuldade financeira de organização, contando com parcerias
não estatais. E hoje existe o escritório sede da FENATRAD, que passou a existir
em Brasília com um espaço físico próprio para que a federação tenha um local
central. Localizado no mesmo espaço do CFEMEA. E por fim denunciou as precarizações
dos trabalhos domésticos, das violências que as trabalhadoras sofrem e da falta
de informação. Falou do aplicativo Laudelina, que é um aplicativo que ganhou o
prêmio google de impacto social. Ele funciona como um histórico de todos os
direitos das trabalhadoras doméstica.
6 – Falas finais
Izabel- PLP São Sebastião
Falou de sua trajetória como
trabalhadora doméstica. Quando ficou sabendo da possibilidade de trazer o curso
PLPs para empregadas domésticas, se sentiu tocada para ser facilitadora dessa
turma. Propôs a abertura do curso também
em São Sebastião. Apela pela busca do fortalecimento do sindicato das
trabalhadoras aqui no DF.
Heloisa Adegas- PLP Formada
Explicou sobre o Fórum de PLPs
onde tem uma atuação mais política em frente as demandas das mulheres.
7- Fechamento
Cleani Calazans propôs uma
Dinâmicas de roda que trouxe a importância da construção de redes e afetos entre
as mulheres para uma mudança efetiva na sociedade. Desejou boas vindas as novas cursistas.
Relatado por Cleani Calazans
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1° encontro do Curso de Promotoras Legais Populares de São Sebastião- Presença do Ministério Público do DF, FENATRAD, Professora Mari do CEM 01, prof. Bistra Stefanova- Unb |