7ª OFICINA DE 2025
Ter ou ser, eis a questão!!
Estamos num país que se vive de Status e aparência. É evidente enxergamos inúmeras pessoas oriundas de raízes muito humildes, muito simples, ao galgarem um patamar mais elevado na estratificação social,internalizarem ser pessoas abastadas, ou os " novos ricos", afastando-se assim de sua origem, suas raízes, sua história pregressa e não mais se identificarem como Classe trabalhadora, como classe explorada pelo sistema.
Nesse espaço ou contexto, boa parte dessas pessoas vive suas "verdades" de maneira irrefletida e alienada. Estamos em um momento em que possuir um bom emprego, um bom salário, ser um empreendedor de sucesso, ter uma boa movimentação financeira, ter casa, carro,viajar uma ou várias vezes para cidades históricas ou praias paradisíacas é sinônimo de riqueza e vida abastada.
Percebe-se que a ideia ou a narrativa mil vezes propalada pelos Coachs do " se faça por si mesmo", corra riscos e realize ou não deixe que os perdedores te puxem pra baixo já virou um mantra e está latente nos pensamentos e ações de milhões de brasileiros. Com essa narrativa de conquistar os seus objetivos pelos seus próprios méritos, esses Coachs produzem um desserviço à sociedade, haja vista que a dimensão da coletividade é invisibilizada e a luta de classes também.
A conclusão de estarem num patamar acima dos reles mortais lhes dão a sensação de superioridade e privilégio, dando lhes o direito de enxergar os mais fracos ou menos favorecidos como pessoas comuns, desimportantes, dispensáveis.
Com essa visão totalmente distorcida, aliando-se a uma amnésia e miopi aguda, à medida que vão galgando patamares mais altos, os "novos ricos" esquecem de sua história de sofrimento, humilhação ,sacrifico ,luta, perseverança e exploração e começam a tratar os seus pares, os seus subalternos como lixos humanos, como se merecessem todo o tipo de maus tratos.
Por outro lado, indivíduos que, a vida toda, deram o sangue e a vida para auxiliar os seus patrões e suas respectivas empresas, não conseguem perceber o peso e a importância da sua força de trabalho e da sua contribuição no crescimento do patrimônio da empresa e no enriquecimento dos seus patrões.
Como se não bastasse toda a alienação de milhões de indivíduos pelos instrumentos dessa sociedade opressora e capitalista, somos reféns, diuturnamente ,do consumo desenfreado. Vivemos numa sociedade onde nossas horas de trabalho valem quase nada e os bens de consumo, são, em inúmeras vezes inalcançáveis. Estamos inseridos numa sociedade de consumo. Sociedade essa, que transforma tudo e todos em meras mercadorias disponíveis. Tudo tem um preço, menos valor. O que importa na visão consumista é o ter e não o ser. Nessa sociedade líquida o que vale é o dinheiro e o que se pode amealhar com ele. Cada um é tratado como um cifrão de sua conta bancária. Essa mesma sociedade líquida, tão bem explícitada por Zygmunt Bauman,onde tudo é pra consumir e ser consumido. Deixa marcas indeléveis, feridas mesmo, na psique de muitas pessoas que ainda não compreenderam a lógica desse jogo perverso. Nessa visão exposta pelo escritor, nada foi feito para durar ou ser perene, menos ainda as relações afetivas. Tomando essa visão da forma mais crua possível, os indivíduos apenas ocupam lugar de destaque na sociedade enquanto apresentam valor e serventia. À medida que esse valor se esvai, aquele indivíduo ou a relação que mantinha com os demais desaparece, se desmancha, como bolhas no ar. Somos vistos como meros consumidores ou mercadorias ,pois também temos o nosso tempo de permanência ou validade na prateleira de consumo. A medida que o nosso valor de mercado evapora, somos totalmente descarados.
Relatoria da cursista: Marília
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