sexta-feira, 4 de outubro de 2024

19ª OFICINA DE 2024

 

19ª OFICINA DE 2024

Encontro integrativo de PLP'S, Ceilândia e Águas lindas.

No encontro de hoje discutimos sobre um assunto bastante polêmico,  mas necessário: religião e fé. Esse encontro foi bom para nos mostrar as diferenças e como cada pessoa tem sua crença e modo de pensar. Antes de todas as falas e aprendizado, colocamos algo que é essencial quando esse assunto é abordado : o respeito,  não julgar. Não precisa concordar com o que a pessoa fala ou acredita, cada uma de nós possui uma forma diferente de olhar para a religião e não é porque não concordamos que devemos desrespeitá-las ou diminuí-las.

O encontro foi incrível e acolhedor, mas com uma temática bem delicada :religião e fé. Foi bom, pois cada uma teve seu momento de fala e concluímos que qualquer indivíduo tem o direito de escolher a sua religião, sua crença religiosa e sua fé. E não só merece, como deve ser respeitado por isso. O direito de livre escolha quanto à orientação religiosa é mais do que um direito constitucional.

A oficina do dia 28 de setembro aconteceu na chácara "Esconderijo da  Ângela". Cursistas de Águas Lindas e Ceilândia se juntaram para um momento de descontração, fugindo um pouco da rotina em sala de aula Estar em meio à natureza proporcionou um ambiente descontraído, aberto a novas interações. No primeiro momento todas se reuniram embaixo de árvores do quintal da chácara, para se apresentarem e ver gostos em comum, a sugestão de apresentação foi falar o nome e algo de que gosta, assim as cursistas ao redor poderiam se aproximar da pessoa que estava se apresentando, caso também gostasse do que foi citado. Foi um momento divertido. 

No segundo momento fomos para área da casa, todas sentadas e com os ouvidos atentos. A facilitadora Sheila perguntou para as cursistas se ali havia pessoas que faziam parte de alguma religião, e se tinham dificuldade em se comunicar com pessoas que seguem religiões diferentes. Durante as respostas das cursistas, foi aberta uma discussão com mais questionamentos feitos pela facilitadora, e se as cursistas já tinham frequentado outros espaços religiosos, além dos que elas já fazem parte, se no lugar onde cultuam suas religiões tem lideranças femininas.    

Após a bela  e grande ciranda, com mais de 40 mulheres, onde cada uma se apresentava e movimentava a ciranda, ou parte dela, ao dizer algo do que gostava, e assim, “ganhar seguidoras”- no sentido literal da palavra( rsrs) - fomos para a varanda.

E as facilitadoras anunciaram o tema da oficina: Espiritualidade.

Nossa…os olhares , instantaneamente, se entrecruzaram! Entre o susto e um certo temor. Afinal, falar de espiritualidade é falar de lugar sagrado, do mais profundo de nós. É falar de mistérios e de transcendência. É falar de fé. E o mestre Gilberto Gil definiu bem a relação humana com a fé : “Andar com fé eu vou, que a fé não costuma falhar. [...]mesmo a quem não tem fé, a fé costuma acompanhar”. E é, para quase todos/as, falar de Deus ou  divindades. E , novamente, invocamos a grandeza filosófica de Gilberto Gil:

“Se eu sou algo incompreensível, meu deus é mais”. Havia ali, naquele encontro, muitas mulheres que se disseram com religião, algumas se disseram sem religião ou não praticantes de nenhuma. Porém, nenhuma se manifestou contrária a alguma fé .

A ideia de serem 4 relatoras (duas de cada polo presente) surgiu da percepção da delicadeza do tema. E do quão importantes deveriam ser o respeito e a lealdade às  várias e diferentes falas e manifestações de  ideias e crenças , o que, sendo apenas uma relatora, poderia ficar comprometido.

A questão inicial foi sobre fé. Se temos e como manifestamos nossa fé. Falamos de crença de modo geral. Para algumas cursistas, a fé é encontrada , ou se manifesta não necessariamente através de uma religião, ritual ou culto religioso.

À pergunta sobre se temos alguma religião, as respostas foram variadas. Fomos apresentadas a mulheres evangélicas, católicas, da Umbanda, do Candomblé, do Espiritismo e agnósticas. E houve falas questionando ou desconfiando da representação de um deus Ocidental, que nos fora apresentado  no contexto do processo de  colonização a que fomos submetidos, no Brasil e na maioria dos países latino-americanos . Processo esse que tentou violar a fé e as crenças não monoteístas dos povos originários.

Também conversamos sobre a relação perniciosa que se estabelece no Brasil, sobretudo nos dias atuais, entre religião e poder. Mesmo que, teoricamente, vivamos em um Estado laico. Falou-se, também, do quanto a fé de muitas pessoas tem sido manipulada por falsos cristãos ou líderes religiosos , com fins eleitoreiros, numa grande escalada de confusão (quase sempre ideologicamente proposital) entre religião e poder estatal. E de como muitos/as políticos/as se apoiam em discursos e narrativas religiosas  para conquistar adeptos e , sobretudo, votos. Enfim, a religião tem sido usada ,em muitos casos, como marketing, publicidade, monetização, doutrinação, fundamentalismos morais e alienação.

Para encerrar, cada uma desejou coisas boas para a colega  que estava ao seu lado, e com ouvidos atentos, enquanto uma desejava, as outras observavam, aguardando a sua vez. Após a oficina, a piscina foi liberada e a música também. Teve picolés, geladinhos, uma mesa farta com lanches, estrogonofe de frango e de palmito para o almoço. Tudo planejado e executado pelas facilitadoras, para que as cursistas pudessem curtir o ambiente e interagir com suas colegas, conhecer outras cursistas. Considerando a relevância do bate papo sobre religião, o lugar escolhido para trabalhar o tema foi de extrema importância.

No encerramento da oficina, a facilitadora Carol sugeriu que fizéssemos uma pausa,  fechando os olhos e com a ponta dos dedos fizéssemos massagem no próprio rosto, ombros e braços, refletindo também sobre os temas propostos durante a oficina, olhando para o lugar em que estávamos, sentindo tudo que o espaço estava proporcionando.

As facilitadoras lançaram uma última pergunta: qual autocuidado as cursistas praticam e qual é o papel do Estado na relação mulheres e autocuidado.

E eis algumas respostas:

▪️Cuidar melhor da vida financeira, pois a desorganização financeira é uma forma e fator de adoecimento

▪️Dieta, com o corte ou diminuição de carboidratos

▪️Estar no curso PLP é uma forma de autocuidado e autoconhecimento 

▪️Voltar a estudar e reorganizar a vida profissional

▪️Dançar

▪️Fazer check up com regularidade

▪️Praticar a terapia do NÃO . Dizer não quando necessário é autocuidado

▪️Rezar o Pai Nosso e depois tomar uma cerveja, ouvindo música de puta.  

A promotora Sheila finalizou com uma reflexão sobre as eleições municipais que se aproximam, sugerindo  que a gente promova, onde houver eleições, uma rede de demandas a serem entregues e cobradas das novas prefeituras e câmaras de vereadores/as, com relação a espaços  públicos e terapêuticos para acolhimento, atenção  e cuidado com a saúde das mulheres.

Relatoras: Alcioneides(Fia), Amanda, Gabriela (Gabs) e Jordana.