quarta-feira, 16 de outubro de 2019

[28.09.2019] 21ª OFICINA PROMOTORAS LEGAIS POPULARES CEILÂNDIA




Uma mulher registra queixa de agressão, amparada pela lei Maria da Penha, a cada dois minutos. Existem vagões de metrô e linhas de ônibus exclusivas para as mulheres, mas estes não atendem todos os trajetos e só funcionam em horário de pico. Segundo a socióloga Sabrina Fernandes (Tese Onze), o único método efetivo de diminuir esse índice alarmante é olhando para a raiz do problema: por que mulheres são agredidas dessa maneira generalizada?
Sabrina foi a oficineira convidada dessa semana e conversou com as cursistas sobre violência institucional contra as mulheres. Dentre outras problemáticas, ela destacou a falta de políticas públicas que visem tratar essa questão como ela de fato é: além de político, é um problema cultural brasileiro. "(...) não basta a gente pensar a política pública a partir de uma legislação específica. É necessário estender para outros espaços", explica.
Além da violência doméstica, as cursistas relataram casos onde o direito ao próprio corpo foi desrespeitado, em especial no transporte público. Olhares indiscretos, passadas de mão e serem seguidas durante o trajeto dentro e fora dos coletivos foram só algumas das situações contadas, dentre outras de cunho ainda mais grave.



No segundo momento da oficina, Sabrina e as cursistas conversaram sobre representatividade feminina. Num país com quase 210 milhões de habitantes (sendo  51,4% do gênero feminino), apenas 15% do parlamento é composto por mulheres. Mesmo com a cota de candidaturas reservadas para elas nas últimas eleições, não houve mudança significativa na representação.
Costuma-se atrelar esse problema a "falta de interesse" das mulheres em votar em política. Essa ideia, porém, é desmentida frente ao fato de que quase 50% das filiações partidárias no Brasil serem feitas por mulheres. Embora haja o interesse, a realidade é que os partidos brasileiros - mesmo os mais progressistas - não tem vontade de levar em consideração as questões das mulheres quando se trata do fazer político, tampouco de escutá-las.

Mesmo nas mulheres parlamentares, não há representantes de fato das mulheres: muitas delas representam uma bancada "feminina", e fazem questão de deixar isso claro apoiando políticas que não beneficiam as mulheres brasileiras como um todo. "O nosso desafio  é não aceitar essas migalhas. A gente precisa ter uma noção de que a participação de mulheres na sociedade não pode ser reconhecida como a participação de mulheres na política simplesmente porque uma mulher foi eleita ou se candidatou", finalizou Sabrina.
Relatoria da cursista Thalita Cardoso


Nenhum comentário: