terça-feira, 18 de junho de 2019

[08.06.2019] 9ª OFICINA PROMOTORAS LEGAIS POPULARES CEILÂNDIA

AVISO: GATILHO. IMAGEM PESADA.
Escultura da artista Rosana Paulino que denuncia violência perpetrada contra mulheres negras na construção sanguinária desse país.



Amas de Leite número I - Rosana Paulino

O tema da oficina foi uma “dobradinha” de racismo, foi importante para aparar algumas arestas, alguns pontos em abertos que ficaram da última oficina.
No primeiro momento foi realizada uma dinâmica acerca do “cuidar da vida”, onde foram nos dado quatro balões sendo dois laranjas que representavam a nossa vida e o branco e o azul que representavam a vida dos outros, tínhamos que passar os laranjas para a colega ao lado, ao passo que deveríamos passar os outros de forma simultânea com no máximo três toques (esses ficavam no ar e não poderíamos deixá-los cair).
Com isso, foi possível observar que muitas vezes esquecemos de nos cuidar, dar uma atenção “plus” para nós, e, vivemos sempre pensando no outro em detrimento de nós, essa é uma realidade sobretudo da mulher negra. Dessa forma metafórica, nos trouxe à tona a reflexão da solitude da mulher negra entretanto de uma maneira sutil.
Nessas perspectivas de aparar as arestas, nós fomos divididas em subgrupos para analisarmos frases com cunho racista ditas por nós na oficina anterior a essa, a título de exemplos temos as seguintes: “cota é uma forma de racismo” “o negro tem racismo com o negro”, ao analisarmos essas frases observamos o quanto o racismo realmente é “estrutural e institucionalizado”, é de notório saber que o negro independentemente de sua classe social sofre racismo, não importa a sua vestimenta, nem o seu caráter, porque a sociedade de uma forma geral sempre irá olhar primeiro a cor de quem a está utilizando, onde a utilização de adereços em baile da Vogue, está ok, entretanto quando é utilizado por negras que possuem todo o histórico e a marca de ter que carregar na pele ainda na contemporaneidade é tido como “feio”, “estranho”, “macumbeira”.
Nesses aspectos, são as pequenas somas diárias que fazem a diferença, mas não só isso, creio eu que desconstruir certos conceitos são necessários além de trazer a reflexão no outro e tentar abrir o diálogo, não só abrir o diálogo, porém permanecer. Permanecer, porque para o branco que foi o próprio criador do racismo é muito cômodo se omitir utilizando-se da premissa de que como “não sofro racismo não é o meu lugar de fala”, pelo contrário, como branca devo reconhecer sim os meus privilégios, que por mais que eu tenha tido pequenas dificuldades nada se compara se eu fosse negra.
Nessas perspectivas, fiquei com o coração aquecido após ter conhecido várias mulheres negras inspiradoras, desde Maíra à Marielle, e, saber que eu estou rodeada de mulheres negras inspiradoras e que possuem uma enorme “força de potência” como disse sabiamente a Nana, me faz sentir não só grata, mas com um privilégio (bom) de conhecê-las e de realmente estarmos mudando as coisas. E como diria Nina Simone: “liberdade é não ter medo!”.
Deixo como resistência um trecho da artista ceilandense Rebeca Realleza na música Revolução dos Bichos:
“Ces chama de macaca a rainha dessa selva
Cuidado seus babacas quando nós passar tu gela
Tô, pesada igual King Kong
Queen, eu tô tipo Latifah
De galho em galho cheguei ao topo
Sei bem que isso te irrita
O planeta é nosso não aceitamos a jaula
A selvageria que não vai ser adestrada
Revolução dos bichos, evolução da raça
Declaro encerrada a temporada de caça”

Abraços e força!
Camila Souza



TEXTO 2:


Hoje a partilha feita foi com a convidada Maíra Brito, jornalista, mestra em  Direitos Humanos, autora do livro “ Não ele não está “ sobre o extermínio da juventude negra a partir do relato das mães dos filhos assassinados. Ela teve de ir ao Rio de Janeiro, pois em Brasília não havia mães que tinham forças para falar sobre o extermínio de seus filhos.
Maíra nos trouxe várias referências de mulheres negras que fazem parte da sua trajetória e nos presenteou com a potência do samba escrito e cantado por elas. 
Ouvimos Elza Soares e Dona Ivone Lara, que fizeram da dor sua força. 

Gratidão Maíra, pela potência; milito no Movimento de Mulheres desde 2011 e reafirmo  que nunca me senti tão acolhida num grupo de mulheres quanto me sinto com as Promotoras Legais Populares.

Relato da cursista Isabela Aysha 




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